quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Avaliação da 1ª Conferência Municipal de Mulheres de Guarapuava

Gostaria de fazer uma avaliação da Conferência que não foi possível na reunião do conselho devido ao tempo e à pauta. Creio que precisamos realizar este exercício para uma avaliação de diferentes perspectivas. Apesar de defendermos alguns pontos em comum temos diferenças e divergências sim! Cada uma defende interesses também. Interesses pessoais, de um grupo político ou de um coletivo. Eu sei que interesses defendo. Defendo interesses da coletividade e de muitas mulheres que como minha mãe Nilza,  minha tia Marli(queridas e amadas) foram vítimas por muito tempo de uma sociedade que não reconhecia a mulher como pessoa de direitos. Temos lado sim e isso é impossivel de deixar de lembrar ou fingir que não acontece. A doçura e sensibilidade não estão em  atos e palavras, mas na intencionalidade de atos e palavras. Posso ser gentil,polida e amável empurrando alguém ao precípicio com um sorriso nos lábios, e posso ser escandalosamente louca ao usar gritos e gestos desesperados para tentar avisar e evitar que esta pessoa caia ao precipício! A diferença está na intencionalidade! E isto requer consciência! O que para algumas é simplesmente cumprir com seu trabalho (alias em hora de expediente) para outras é o mais completo exercício de cidadania a ser feito por ideal. Durante o processo de construção da conferência houve a centralização das decisões e isto prejudicou o debate! Nós conselheiras do campo popular erramos ao deixar que coordenação fosse delegada a uma única pessoa e erramos ao não termos colocado em votação o formato dos debates em grupo, pois esta pessoa achou melhor que fossem discutidos apenas 3 dos 10 eixos propostos inicialmente para o debate. Do ponto de vista da mobilização e organização do dia td foi ótimo, mas do ponto de vista da produção das propostas deixamos e muito a desejar. Mesmo que tenhamos levado algumas propostas prontas( como lembrou a Presidente Lourdes), estas não contemplaram eixos importantes como a participação das mulheres nos espaço de Poder, como a questão da mídia e dos encaminhamentos que precisamos também a nível municipal para rompermos com alguns estereótipos(pois todos levaremos décadas). Questões como a licença parental de 180 dias também não foram abordadas.Se queremos que homens e mulheres dividam a tarefa de cuidar dos pequenos essa discussão não poderia ter sido deixada de lado.A questão do assédio moral nos locais de trabalho, banco de horas (principalmente do comécio de Guarapuava), interrupção de estudos de adolescentes grávidas também foram temas da pré conferência, que não conseguimos abordar. Não é questão de não reconhecer o mérito organizacional mas de olhar o que ficou de essencial da Conferência que ao meu ver são as propostas e articulações que deveriam ser feitas para que as mesmas sejam colocadas em prática, o que de fato deveria ser o legado do dia. Tudo mais passou.Mas as mobilização e as propostas é que ficarão! As lições também e sem ser professoral no sentido de impor conhecimento, mas de juntas construí-lo. Precisava fazer tais considerações para que possa continuar a caminhar com Fé. A verdade é sempre nossa melhor companhia!
Abraços feministas do campo popular!
Márcia

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei professora. Você tem razão. A discussão é necessária e não deve ser evitada pois sempre saímos modificados e, acredito, sempre para melhor. Sabe eu não participei nem soube do evento, mas sou feminista, digo isso abertamente, e acredito que ainda estamos construindo nossa condição de pessoa, de cidadã. Ao mesmo tempo em que crescemos o homem é obrigado a se educar e a se descobrir muito melhor do que é. Um abraço a todas.Renata Dias de Souza, de Campinas.

PROFª MARCIA disse...

Obrigada Renata! É no debate que construímos um outro mundo, possível e melhor para tod@s!